Nas últimas semanas oG1 noticiou a chegada do inverno e, também, que nesta quarta-feira (30) seria o dia mais frio do ano. Neste período as temperaturas amenas e a baixa umidade contribuem para a incidência de doenças respiratórias. O G1conversou com o clínico geral e cardiologista Thiago Mota, para saber quais hábitos e medidas podem auxiliar na diminuição da transmissibilidade de doenças durante a estação e como diminuir os desconfortos causados pelo clima em casa e no ambiente de trabalho.
As doenças com maior incidência neste período são as infecciosas e virais que se manifestam nas vias aéreas superiores, como as gripes e os resfriados. O motivo, segundo o médico, não são as temperaturas amenas, mas sim o comportamento humano.
Durante o inverno, nós costumamos ficar mais reclusos, temos tendência de fechar as janelas e portas e nos aproximar mais das outras pessoas, o que aumenta a chance de transmissibilidade das doenças”, alertou.
Mota destacou que os idosos e pessoas com comorbidades são mais propícios a se contaminarem durante a estação, além das crianças.
“As crianças têm um entendimento mais limitado em relação às medidas de higiene. Por isso, é importante que os pais fiquem muito atentos durante esse período e estimulem os pequenos a terem hábitos de limpeza pessoal. Também é importante mantê-los bem agasalhados”.
Em relação aos idosos e às pessoas com comorbidades, o médico reforçou a importância de se fazer o monitoramento da pressão cardíaca, tomar os remédios controlados de forma regular e se manter aquecido.
Além das doenças infecciosas, o especialista alertou para a incidência de doenças cardiovasculares durante o inverno porque no clima frio, é comum a manifestação de picos de hipertensivos.
“No frio nós temos uma resposta fisiológica natural de aumento da frequência cardíaca e da pressão do sangue. Com isso, aumenta também os riscos de AVC, derrame ou infarto”, alertou Mota.
O clima seco é outro fator de preocupação para a saúde. Nas últimas semanas, o G1 registrou que as taxas de umidade do ar têm estado abaixo do recomendado pela OMS. Também foi noticiado que a região do Triângulo e Alto Paranaíba, assim como outras do país, têm vivenciado a maior seca dos últimos 91 anos.
O médico explicou à reportagem que com a baixa umidade do ar, as secreções nasais diminuem e isso favorece a sobrevivência de vírus e bactérias nas vias aéreas superiores, o que aumenta os riscos de sinusite, amigdalite, otite e infecções de garganta.
Para se proteger do clima frio e seco, a orientação de Mota é beber muita água, fazer atividades físicas de forma regular, tentar se expor ao sol por cerca de 20 minutos e ter uma boa alimentação. Os exercícios são mais recomendados durante o período da tarde, quando as temperaturas estão menos amenas. E quanto à alimentação, o clínico recomenda que se tenha uma dieta rica em frutas e verduras, para contribuir com o aumento da imunidade.
“Não existe uma medicação específica que aumente a imunidade, isso é um mito. Tomar vitamina D ou vitamina C, não aumenta de fato a imunidade. Ela é muito mais complexa do que isso. Por isso é tão importante que as pessoas tenham bons hábitos”, explicou o médico.
Outra forma de se prevenir, relatada pelo médico, é tomar a vacina da gripe. Atualmente, a região do Triângulo e Alto Paranaíba está na terceira etapa de vacinação contra o Influenza, a fase deve durar até o dia 9 de julho.
Para as populações que se encaixam no grupo prioritário, Mota destaca que esta é uma excelente oportunidade de prevenção. “A vacina previne contra o H1N1, contra o H3N2 e, também, contra a Influenza B, que é a cepa mais registrada no ano anterior”, explicou.
Vale lembrar que, apesar da vacina não ser disponibilizada para toda a população na rede pública, qualquer pessoa, independente de ordem prioritária, pode solicitar a vacina na rede privada, desde que respeite um intervalo de 14 dias entre a vacina do Covid-19 e a da gripe.
Cuidados em casa durante o inverno
Para diminuir os riscos de transmissão dentro de casa, o cardiologista recomendou que os moradores deixem a casa arejada, ao menos durante os períodos do dia em que as temperaturas estão mais altas. Outro hábito importante, é a higienização das mãos e do espaço.
Ele também ressaltou a importância de beber muita água, porque durante o inverno, o corpo sente menos sede, o que aumenta as chances de desidratação e os riscos de infecções.
Em relação a não ingerir bebidas geladas, o médico explicou que essa recomendação é um mito e que, com exceção das pessoas mais velhas e mais sensíveis ao frio, não é necessário evitá-las, pois não há relação direta entre bebidas geladas e a incidência de infecções.
Já para aliviar os desconfortos causados pelo clima seco, Mota recomendou que se coloque uma vasilha com água ou um pano úmido no quarto para aumentar a umidade do ambiente.
Cuidados no trabalho
Da mesma forma que é preciso se cuidar em casa, no trabalho os cuidados devem ser redobrados. Segundo Mota, a máscara segue sendo um equipamento essencial e os espaços de trabalho devem disponibilizar álcool em gel acessível para que os funcionários higienizam as mãos com frequência.
“Quando você tem atitudes de higiene pessoal, você não está só contribuindo para a prevenção de doenças para si mesmo, mas também está prevenindo a transmissibilidade para outras pessoas”, enfatizou o cardiologista.
Ele ainda alertou que o ideal é manter o ambiente com janelas e portas abertas, para que seja possível a circulação do ar. Essa atitude, conforme o médico, pode ser uma das mais eficientes para reduzir as doenças do período.
Fonte: G1