Vivemos um tempo em que a maternidade carrega muitas vozes. Algumas falam alto, outras mal sussurram. Há quem poste com sorriso no rosto e o corpo exausto. Quem diga que é bênção, mas chore escondida no banheiro. Quem deseje intensamente ser mãe e ainda não conseguiu. E também quem tenha escolhido não ser e, por isso, é julgada.
Há mães que se realizam profundamente. Outras que se perdem no caminho.
Há aquelas que amam, mas se culpam por não dar conta de tudo.
E há ainda quem busque, em bonecos de plástico, um alívio para dores profundas, mas que, muitas vezes, acaba apenas adiando o enfrentamento da realidade. Embora a dor precise de acolhimento, também precisamos ter cuidado com soluções que disfarçam o sofrimento ao invés de tratá-lo. A romantização desse comportamento pode esconder feridas que precisam ser olhadas com seriedade e responsabilidade clínica. É necessário diferenciar o luto legítimo de um escape emocional que, sem o devido cuidado psicológico, pode comprometer a saúde mental.
A maternidade, assim como tantas outras vivências humanas, não cabe em um molde só. Não existe um único roteiro, nem um jeito certo de sentir. E quando a gente tenta encaixar o que é complexo em caixas prontas, a dor transborda por onde menos esperamos.
É preciso acolher o cansaço e validar a alegria sem cobrar perfeição. E respeitar o silêncio de quem, por dentro, ainda está tentando lidar com a ausência de um filho que não veio ou com a perda de si mesma após a chegada dele.
Cada história é única e por isso, vale a pena refletir:
• Nem toda mãe está feliz o tempo todo. A exaustão não te faz menos mãe.
• Quem ainda não realizou o desejo de ser mãe precisa de empatia, não de conselhos prontos.
• E para todos nós: antes de julgar, que tal escutar?
Se esse tema te atravessa de alguma forma, que você encontre escuta e acolhimento. E se for preciso, busque ajuda profissional.
Psicóloga Dayara Ferreira
Especialista em Terapia Familiar
(34) 9 98915096