O senador Carlos Viana se filiou ao MDB nesta segunda-feira (20) para ser o pré-candidato do partido ao governo de Minas nas eleições de 2022. O MDB também inaugurou sua nova sede em Minas Gerais, que agora está localizada no bairro Santo Agostinho, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Se permanecesse no PSD, partido ao qual era filiado até então, o senador teria que disputar o posto de candidato do partido ao governo de Minas com o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que também pretende se candidatar.
“Saio do PSD com gratidão e com a certeza do dever cumprido. Ajudei o partido, mas eu precisava de um espaço maior. O MDB me recebeu de uma maneira espetacular. Conversamos bastante com o Newton Cardoso Jr. [presidente estadual do MDB] e a Executiva Nacional viu que eu posso colaborar”, disse Carlos Viana a O TEMPO.
Para ele, Minas não pode ficar apenas na expectativa de novos problemas e deve buscar soluções para os desafios do Estado. “Desde o começo eu e Newton Jr. temos conversado sobre um projeto de governo que faça Minas avançar e que não fique só na publicidade e na propaganda. Que consiga levar às pessoas a certeza de que a vida está melhorando”, afirmou o senador.
Durante a cerimônia de filiação, a pré-candidatura dele recebeu o endosso do presidente nacional do partido, deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP), e também de Newton Cardoso Jr., além do pai dele e ex-governador de Minas, Newton Cardoso.
“Com a chegada do senador Carlos Viana, que vem como pré-candidato ao governo do Estado, nós estamos reforçando aquela palavra de coerência que tivemos desde o início: a nossa vontade de disputar o governo do Estado mais uma vez, sendo que o MDB é o partido que desde a redemocratização nunca deixou de participar das campanhas majoritárias”, disse Newton Cardoso Jr.
Também estiveram presentes os quatro deputados federais do MDB mineiro: além de Newtinho, Fábio Ramalho, Mauro Lopes e Hercílio Coelho Diniz. Já da bancada estadual, que tem sete deputados, apenas João Magalhães compareceu. Prefeitos, vice-prefeitos e vereadores da sigla também participaram da cerimônia.
Carlos Viana dá o primeiro passo em uma disputa eleitoral que a menos de um ano das eleições têm como principais candidatos o governador Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil. Na última pesquisa DATATEMPO, realizada no final de novembro, Zema tem 45,7% das intenções de voto na estimulada. Se levados em consideração apenas os votos válidos, ele vence no primeiro turno com 56,9%. Já Kalil tem 22,9% das intenções e chega a 28,4% dos votos válidos.
Viana enxerga que mesmo neste cenário há espaço para a candidatura dele. “O atual governador tem feito o trabalho e vai ser naturalmente avaliado. O prefeito da capital também tem sua atuação. E eu como senador, da forma como fui votado e da maneira como cheguei ao Senado, posso acrescentar muito nesse debate”, disse o senador. Em 2018, ele teve 20,22% dos votos para o cargo, ligeiramente atrás de Rodrigo Pacheco (PSD), com 20,49%. “A política está em aberto. Há boas avaliações? Sim. Mas a decisão de voto só virá a partir de julho, agosto do próximo ano”, disse.
Segundo Viana, Minas Gerais perdeu muito tempo devido a uma briga partidária entre PT e PSDB e deixou de avançar no que importava. Ele citou alguns projetos do qual participou da articulação política, também com outros senadores, como a criação do TRF-6, o edital da concessão BR-381 que deve ser lançado em fevereiro e a destinação de R$ 2,8 bilhões para o metrô de Belo Horizonte. Em contrapartida, criticou o governador Romeu Zema (Novo) justamente pela falta de articulação em Brasília.
“A minha proposta é antes de tudo planejamento. Eu conheço onde nós temos que atuar para resolver as questões. Segundo: apoio do governo. Hoje eu sei que Minas Gerais deixou de usar muito apoio em Brasília. O governador foi ausente na capital federal em vários momentos, como em relação à questão do regime de recuperação fiscal, a novos financiamentos e a discutir a situação da arrecadação em Minas, que hoje está numa fase boa, mas pode não sustentar o que temos de déficit no Estado”, afirmou.
Viana é vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, mas disse que como representante de Minas Gerais tem o dever de dialogar com todos. “Se ficar presidente, se vier presidente antigo, se vier presidente novo, a minha função como senador e a nossa função do MDB de Minas é defender Minas Gerais. E para isso temos que ter diálogo com todo mundo”, declarou.
O filho de Carlos Viana, Samuel Viana, também deve se filiar ao MDB. Ele será candidato a deputado federal nas eleições do ano que vem.
Palanque para Tebet
O presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, destacou o peso de Minas Gerais no cenário nacional — o Estado é o segundo maior colégio eleitoral do país — e disse que a candidatura de Viana ao governo servirá, também, como palanque estadual para a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à presidência da República.
“A vinda do senador Carlos Viana nos dá a certeza que teremos candidatura própria ao governo do Estado e com grande competitividade. Temos mais de 100 prefeitos, mais de 70 vice-prefeitos e mais de 900 vereadores. E agora ganhamos um reforço da melhor qualidade. O MDB se fortalece para poder apresentar o que há de melhor na política para administrar Minas Gerais. Por isso fiz questão de estar aqui para prestigiar”, declarou o chefe do partido.
Rossi disse que a sigla não poderia deixar de apresentar um candidato em um Estado tão relevante. “Para o MDB, ter um palanque aqui em Minas Gerais é muito importante, inclusive para o fortalecimento da candidatura da Simone Tebet, que é a única mulher colocada como candidata à presidência da República e que vai crescer nas pesquisas”, disse.
Questionado se o partido levaria à candidatura de Tebet até as eleições de 2022 ou se poderia abrir mão para uma composição com outro candidato, Baleia Rossi foi firme e disse que o MDB levará a candidatura até o fim.
“Jamais a Simone faria uma pré-candidatura que não fosse para valer. Isso muitas vezes vem dos adversários que querem menosprezar uma candidatura feminina. Tenho certeza que no meio de tantos candidatos alguém que fale como mãe, professora, advogada, mulher, ex-prefeita, ex-vice-governadora do Mato Grosso do Sul e como senadora da República que teve a coragem de defender o povo brasileiro na CPI da Covid, enfrentando poderosos, mas protegendo a vida, ela está altura do MDB e à altura do Brasil”, disse.
O Tempo