Nem todas as pessoas possuem um lar, ou mesmo uma família. Algumas crianças nascem e são abandonadas, outras vivem em situações precárias. E essa triste realidade também acontece com os idosos, que às vezes não tiveram filhos ou a própria família os deixaram de lado. Mas, para situações como essas e outras parecidas, há um lugar, ou melhor, dizendo, uma casa. A casa das Meninas.
Fundada há sessenta anos em Patos de Minas a casa das meninas é uma entidade sem fins lucrativos a qual abriga 42 meninas de 0 á 18 anos e 23 idosas. A casa foi fundada por um grupo de senhoras, e atualmente somente uma está viva, a Edite Gomes. No inicio a intenção da entidade era de oferecer espaço para filhos de produtores rurais que precisavam trabalhar e não tinham um local para deixar as crianças, hoje o intuito é bem diferente. A casa das meninas conta com o trabalho de 33 profissionais e alguns colaboradores. Hoje a instituição gasta em media setenta mil reais por mês com os funcionários, luz, agua, remédios, alimentos e dentre outras contas mensais. As moradoras podem receber visitas todos os dias de 14 ás 16 horas. Hoje quem está a frente dos trabalhos é a Irmã Valdete. Há quatro anos ela cuida da casa com muito zelo e amor. Segundo a irmã, o local vive de doações e de uma ajuda do município, porém para este ano a verba ainda não foi definida.
As quarenta e duas meninas que residem na casa das meninas foram encaminhadas para o local através de uma medida preventiva. Elas podem ficar na casa até completarem os dezoito anos, caso não haja adoção, as freiras que são responsáveis pela entidade se encarregam de direciona-las para empregos e moradias. Todas as moradoras ajudam na manutenção da casa. Algumas delas estudam em escolas municipais e estaduais da cidade.
De acordo com a Irmã Valdete, a adoção é um tanto complicada, pois atualmente a preferencia são os bebes. Uma das meninas que moram na casa já foi adotada e por problemas com os pais adotivos ela foi entregue novamente a casa. O nome dela é Izabele de Paula Silva. Ela foi adotada ainda criança, com nove anos, viveu oito anos com a família adotiva. Izabele conta que era bem tratada, mas sentia uma pequena diferença com a atenção que era dada aos outros irmãos. A adolescente contou ainda que teve um desentendimento com os pais adotivos porque ela conheceu um jovem e começou á namorar. Logo após ela retornou para a casa das meninas. Para ela a experiência foi boa, mas Izabele disse “eu não quero ser adotada novamente, sou feliz aqui e assim”.
Andando pelos corredores da casa é possível ouvir centenas de historias. E uma delas é da idosa Elisa de 86 anos. Elisa foi à primeira idosa a ir para a casa. Há onze anos ela vive em cia de outras idosas e crianças do lar. Elisa era uma ex-colaboradora da casa. Viúva duas vezes, ela disse que os familiares não puderam acolhê-la , foi daí que ela optou por morar na casa. Elisa é sorridente, conta que vive bem e feliz na companhia de todos que passam no lar todos os dias. A boa senhora conta sorrindo de bem e feliz na companhia de todos que passam no lar todos os dias. A boa senhora conta sorrindo de orelha á orelha o seguinte: “sabe qual é meu segredo? – eu tomo um copinho de vinho todos os dias para viver bem”.
Na casa as historias são muitas, a cada canto um olhar, um sorriso, uma saudade e uma forma diferente de ver e viver a vida. Diferente do que muitos pensam, elas não estão abandonadas e nem esquecidas ao tempo. São lembradas diariamente por pessoas que passam no local são acolhidas com amor, e isso é o que para elas importa.
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Texto: Lorraine Lemos e Michele Marques – Graduandas do 1° período de jornalismo do UNIPAM