
Um olho na luta contra o rebaixamento, outro em 2017. Assim já trabalha a diretoria do Cruzeiro em meados de outubro desta temporada. Em entrevista à rádio Itatiaia, o presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares, disse não ter receio em viver situação parecida a de 2011, quando o time chegou à última rodada do Brasileiro com risco de cair, e revelou que a comissão técnica e a diretoria já estão planejando a próximo temporada, inclusive já tendo nomes em vista para contratar no começo da próxima temporada.
– Nós já estamos começando a fazer planejamento. Estive reunido hoje (terça-feira) com o Bruno Vicintin e Thiago Scuro, e eles estiveram reunidos com o treinador também, justamente para programar o time do Cruzeiro para 2017. O treinador, junto da comissão, técnica, estão levantando posições mais que o Cruzeiro é carente. Justamente para chegar antes no mercado e pode fazer as contratações antes que esses jogadores sejam vendidos para outros clubes ou saiam do país. Ter (nomes para contratar) nós temos, mas não vamos revelar.
Sobre a briga contra o rebaixamento, situação que Cruzeiro convive desde o começo do Campeonato Brasileiro, Gilvan disse não ter medo de viver a mesma situação de 2011, quando o time se safou de um inédito rebaixamento à Série B do Brasileiro apenas na última rodada, após vencer por 6 a 1 o rival Atlético-MG, na Arena do Jacaré. Segundo ele, o time que o técnico Mano Menezes tem em mãos o credencia a permanecer na elite nacional.
– E mais, o Atlético já havia se livrado do risco do rebaixamento. Os jogadores do Atlético estavam tranquilos, e os jogadores do Cruzeiro estavam morrendo de medo. Nós fizemos de tudo na época, trouxemos motivadores, ficamos junto com os jogadores o tempo inteiro. Só conseguimos escapulir na última rodada. Esse ano é completamente diferente. Evidentemente tivemos queda de produção, trouxemos outros jogadores para esse segundo turno do Brasileiro, que deram outro alento ao time e à torcida. Para te dizer a verdade, nunca tive receio que, com esse time, o Cruzeiro pudesse ser levado a essa mesma situação de 2011. Esse time comparado a outros é muito melhor e muita mais credenciado a permanecer na Série A. Assisto muito futebol, Série A, B, estrangeiro, não vejo condições desse time do Cruzeiro ficar atrás de outros times que estão no Brasileiro, porque nosso time é muito bom. E nossos jogadores estão muito imbuídos nesse espírito que não vão cair.

Além disso, Gilvan de Pinho Tavares falou ainda sobre a mudança no programa de sócio torcedor do clube. Agora, os sócios cativos (com ingresso garantido para todos os jogos), que tinham direito a comprar outros quatro ingressos por 50% do valor do ingresso, tiveram o benefício limitado a dois, o que irritou grande parte dos cruzeirenses aderentes ao programa. Gilvan defendeu a decisão e disse que ela visa preservar a quantidade restante de sócios cruzeirenses.
– A torcida precisa compreender os detalhes do programa de sócio. O Cruzeiro tem um dos melhores programas de sócio do Brasil. Isso estava afetando. Torcedor na crise, se junta a outros membros do programa de sócio. Pela facilidade de comprar quatro ingressos pela metade do preço, eles juntam quatro e deixam três de pagar o programa, para um só pagar. E vários ajudam um só a pagar a mensalidade. Nosso programa de sócio é importante para a receita do clube. Temos que juntar com a receita de bilheteria para completar a folha de pagamento, a folha de salário dos atletas profissionais do Cruzeiro. Não é por isso que diminuiu, não foi por causa disso. Só agora diminuímos a quantidade de ingressos para sócio, agora cada sócio pode comprar dois. Mas os jogos do Cruzeiro no sábado a noite, às 21h, normalmente têm público pequeno. Já tivemos jogos com equipes grande, e o público foi pequeno. Isso faz com que a torcida se afaste. Se fosse de manhã no domingo ou à tarde, ou no sábado no fim da tarde, te garanto que o público seria o dobro nessas partidas – argumentou o presidente do Cruzeiro, que colocou a culpa na diminuição do número de sócios na crise econômica enfrentada pelo país.
– Essa quantidade de sócios que nós conseguimos para o programa de sócio torcedor nos propiciava receita, somada bilheteria, ultrapassava a cota de televisão que o clube recebia. Hoje está bem abaixo disso. Hoje não permitia facilidade de compra e, mesmo assim, a gente não tinha essa quantidade de sócio torcedor, e não tinha essa quantidade de sócio. O que está acontecendo é falta de recurso do povo. Primeira coisa que corte é o lazer, o futebol. Acontece com o pessoal que frequenta o clube de lazer, porque quando aperta, prefere comprar cesta básica do que gastar com essas coisas. Desde 2015 está aí, a crise política está passando, torcedor tem que entender que o torcedor tem que ajudar a diretoria para arrecadar para fazer bons times e pagar a folha de pagamento. Se a torcida não entender isso, que não é só o presidente que tem que fazer esforço e obter receita, que tem que pagar salários caros, fica difícil de fazer um time. Um time é feito e formado em função da torcida, e a torcida tem que ajudar nisso.

Por fim, o dirigente cruzeirense disse que o imbróglio com a Minas Arena continua. Entretanto, de acordo com ele, há um acordo entre as partes para que o contrato firmado em 2013 seja modificado em breve.
– A relação nossa é ótima, o que aconteceu esse ano com a Minas Arena, é que ela acho que tínhamos que pagar um valor desde o principio, e eles resolveram ir na Justiça. Tínhamos um pleito também que eles nos indenizassem com prejuízo que nos causaram por causa de jogar em horário diferente, dias diferentes, com prejuízo financeiro, e esse acerto nunca conseguimos fazer com a Minas Arena. Estamos na Justiça tentando esse acerto, um acerto já conseguimos com eles, é o Cruzeiro não ser obrigado a ter essa fidelidade no contrato, vamos firmar esse contrato em breve com isso, e eles concordam. De acordo com edital de licitação, todos os clubes têm o mesmo direito. Qualquer clube que quiser jogar no Mineirão, pode exigir os mesmos direitos do Cruzeiro. Agora o Cruzeiro, para ter esse direitos, assinou um contrato de fidelidade com a Minas Arena. Cruzeiro não pode usar outro estádio, a não ser Mineirão esteja requisitado, mas o Cruzeiro é obrigado a jogar, senão paga multa. Assim como a Minas Arena vai realizar show e pede a cessão do campo, eles também são obrigados a pagar essa indenização do clube. Eles concordam com essa não obrigação. Por isso, a única coisa que está pendente agora é a discussão judicial desses valores. Saber se somos nós que devemos mais ou eles esses valores. Isso vai durar muito tempo ainda.
Confira outros trechos da entrevista do presidente do Cruzeiro à rádio Itatiaia:
Situação financeira do Cruzeiro
– Não é que a situação estava ruim no inicio do ano. Situação de clube de futebol, em qualquer momento, é de aperto. Clubes de futebol são sociedades civis sem fins lucrativos, não temos objetivo de ter lucro, de investir dinheiro. Todo o carro chefe é o futebol, é investir no futebol. No começo do ano não tínhamos o recurso. Nós renegociamos um contrato com a Rede Globo, possivelmente conseguimos assinar uma das maiores cotas de clube do brasileiro de televisão, isso possibilitou investir mais alto no futebol e alcançar as contratações que logramos fazer.
Renovação com o meia Robinho
– Quando nós trouxemos o Robinho, naquela transação que fizemos com o Palmeiras, primeiro coisa que postulamos é que fossem fixados valores dos direitos econômicos do jogador. Nós temos essa condição de não devolver e ficar com o atleta. Final de 2017 é o empréstimo. Um preço razoável. Para o futebol dele, é um preço razoável.
Preocupação com arbitragem para o jogo contra o Corinthians, pela Copa do Brasil
– Olha, pelo fato de o jogo ser no Mineirão, preocupa sim, mas menos se o jogo fosse em São Paulo. Se fosse em São Paulo, a gente iria para lá morrendo de medo. Como é aqui no Mineirão, naturalmente com presença maciça da torcida do Cruzeiro, até os árbitros tremem quando a torcida do Cruzeiro canta alto. A gente precisa de pouca coisa contra o Corinthians. para o Cruzeiro passar de outra fase, basta que ganhe de 1 a 0 ou placar superior a um gol. Cruzeiro tem time para isso, e jogadores estão dispostos a trazer um título para o Cruzeiro.
Mano permanece em 2017
– O Mano já respondeu essa perguntar por mim. Se chegar outra proposta da China, o que tinha para ganhar, já ganhei. Mano tem sintonia do Cruzeiro, foi muito bem tratado da outra vez. Quando ele nos procurou para revelar proposta da China, disse que realmente era muito dinheiro e que não poderia segurar. Cruzeiro está te liberando, quando você voltar, e estamos torcendo para voltar. Ele recusou propostas de outros clubes do Brasil para acertar com o Cruzeiro. Agora colocamos nas mãos dele para seguir o destino e, se deus quiser, no próximo ano.
Primeira Liga em 2017
– Vai haver sim, nós nos reunimos hoje, conversamos a respeito distribuição de cota de televisão para os clubes. Conversamos calendário, já está acerto. Essa mudança Libertadores não vai afetar. Pelo contrário, vai nos dar melhor forma de fazer nosso calendário. Vamos ter que esperar a classificação clubes no Brasileiro à Libertadores, vamos ter que definir o último calendário. Datas já estão acertadas, mas só poderemos definir as partidas, quem vai jogar, quando já tivermos definidos os times na Libertadores. Já elaboramos calendário com a possibilidade de o Flamengo classificando para a Libertadores, tiver menos datas, ter um Fla-Flu do Carioca valendo pela Primeira Liga Vários clubes da Liga, Grêmio, Atlético, Flamengo, Fluminense, o próprio Cruzeiro, Atlético-PR, todos podem estar disputando a Libertadores, e Sul-americana também.
Fonte: G1