Policiais civis do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba são alvo de nova operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual (MPE), em Uberlândia. A operação nomeada como “100 Anos de Perdão” foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (25).
Os mandados de prisão, busca e apreensão são cumpridos em Uberlândia, Uberaba, Araguari, Patrocínio, no Alto Paranaíba, e em Cascavel-PR. Pelo menos 19 pessoas são denunciadas. A Corregedoria Geral da Polícia Civil informou que acompanha o caso e já foi instaurado procedimento administrativo.
As investigações foram conduzidas pelos promotores de Justiça do Gaeco Daniel Marotta Martinez, Adriano Arantes Bozola e Renata Santos. De acordo com o MPE, os policiais envolvidos são investigados pelos crimes de organização criminosa, roubo, tráfico de drogas, associação ao tráfico e falsidade ideológica.
Segundo a Promotoria, a operação investiga uma organização criminosa cuja principal atividade era realizar saque de cargas de drogas, armas e cigarros contrabandeados vindas do Paraná.
A organização criminosa se dividia em dois núcleos no Paraná e em Minas Gerais. O núcleo paranaense identificava as cargas que interessavam ao grupo e instalava rastreadores nos caminhões. Enquanto isso, o núcleo mineiro, chefiado por um Policial Civil de Patrocínio, aguardava a entrada dos caminhões no estado e os integrantes, incluindo nove policiais civis, faziam a prisão do motorista e a apreensão da carga.
Os motoristas dos caminhões que transportavam as cargas eram mantidos em cárcere privado pelos integrantes da organização criminosa até que os produtos estivessem em local seguro. Depois as vítimas eram liberadas, sem serem qualificadas.
As cargas eram saqueadas, revendidas para os proprietários ou desviadas para posterior venda com o intuito de obtenção de lucro por parte dos suspeitos.
Crimes e denúncias
Os crimes apurados pelo Gaeco ocorreram em 2015. O primeiro foi na cidade de Uberaba, no mês de setembro do referido ano. Foram desviadas quatro toneladas de maconha, sendo metade da carga apreendida na zona rural de Patos de Minas, no Alto Paranaíba.
No mesmo mês, houve saque e desvio de duas cargas de cigarros, contendo mais de 1 milhão de pacotes de cigarros. A abordagem ocorreu em Prata e a carga foi desviada na cidade de Araguari. O valor das cargas desviadas soma aproximadamente R$ 5 milhões.
O Ministério Público apresentou três denúncias sendo a primeira pelo crime de organização criminosa contra os 19 denunciados. Entre os investigados estão policiais civis lotados em Uberlândia, Araguari, Uberaba e Patrocínio. Foi decretada a prisão preventiva de 18 investigados.
Outra denúncia é pelo crime de roubo agravado pelo emprego de arma de fogo, concurso de pessoas e restrição da liberdade das vítimas. A denúncia foi oferecida em desfavor a 12 denunciados, entre eles, oito policiais civis, sendo um do estado do Paraná e sete de Minas Gerais. Foi decretada a prisão preventiva de 11 dos 12 denunciados.
Por fim, foi protocolada a denúncia pelos crimes de associação para o tráfico de drogas, tráfico ilícito de entorpecentes e falsidade ideológica a nove denunciados, entre eles cinco policiais civis, um do Paraná e quatro de Minas Gerais. A prisão dos suspeitos também foi decretada.
Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seriam cumpridos 38 de prisão preventiva, mas a maior parte dos denunciados conseguiu fugir. O MP trabalha com a hipótese de vazamento de informações antes do cumprimento dos mandados.
Policiais presos por corrupção
No ano passado, policiais civis também foram presos durante a Operação Serendipe. O grupo foi acusado pelo Ministério Público por corrupção, organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
De acordo com os promotores, os policiais faziam uma investigação paralela à da Polícia Federal (PF) e mapeavam duas organizações criminosas que atuavam no roubo de cargas na região. Em seguida, faziam o flagrante dos criminosos e os subornavam para que pudessem ser liberados, forjando o boletim de ocorrência.
Fonte: G1